terça-feira, 8 de março de 2016

Porque eu quis um parto natural após 3 cesáreas?


Tudo começou quando a Rebecca nasceu. Eu deitada na cama de cirurgia, com movimentos limitados, vejo a minha menina linda pela primeira vez, e depois de gestá-la e senti-la por 9 meses ela me aparece toda encapada num pano e já de touquinha. Eu lembro que fiquei pensando, tira essa touquinha para eu ver o cabelinho dela, tira essa manta para eu ver o corpinho gordinho dela! (nasceu com 4,200kg) e eu queria tanto sentir o cheirinho dela... O kiko conseguiu ficar com ela, mas eu não... Claro que depois da recuperação (são umas 3-4 intermináveis horas numa salinha de recuperação) eu poderia curtir minha menina, mas e aquele momento? Aquele momento único de vê-la pelo primeira vez teria passado... Faria alguma diferença na minha maternagem? Não... Porém, para mim, fez falta. Queria minha cria coladinha em mim assim que nascesse... Que todos esperassem, mas ela era minha! Eu a fiz e  merecia ficar coladinha nela! rs... Já conhecia relatos de mulheres que ficaram com seus bebês no colo mesmo sendo parto-cesárea. Porque nao lutei por isso antes?
Mas... já tinha passado o momento, Resignadamente, não falei nada com a médica sobre isso e passei por todos os protocolos do hospital, sem reclamar. E, pensando bem, eu só descobri o quanto eu iria sentir falta disso quando passei por sua ausência.
Nascimento Rebecca- Abril de 2011
Logo depois do nascimento da Becca, a foto de mães coladas em seus bebês após o parto começou a mexer comigo fortemente, eu nem pensava ou me dava conta disso, mas devorava relatos de parto aguardando o momento de imprinting. Essas fotos que brotavam nas minhas redes sociais,  me atraíam e me emocionavam... E essas fotos eram quase sempre de partos naturais, onde a mãe tem liberdade de movimentos e de protocolos de segurança diferentes de uma cesárea.

O segundo passo foi a pesquisa de partos normais após cesárea. Minha grande amiga ativista do PN me assegurou existirem pelo mundo. Mas eu nunca tinha ouvido falar! Nem de 1 cesárea quanto mais de 3. Mas ela sabia e me deixou com a pulga atrás da orelha! Lembro que após essa conversa eu comecei uma pesquisa que não acabaria tão cedo! Fui descobrindo inúmeros casos de Vbac. (vaginal birth after a caesarean) Lembro que um dos primeiros casos que conheci foi o da Larissa, membro da igreja em Recife, que teve um PN após 3 cesáreas. Conheci virtualmente a Duda, que estava lutando por um Vbac após sua primeira cesárea. me ensinou muitas coisas, me apresentou a grupos de Vbac, me mostrou dados e artigos. E por aí não parou, fui conhecendo um caso atrás do outro. Quanto menos cesareas, mais comum eram os casos... Raros eram os Vbac3, mas isso não me intimidava.

Comecei a arquitetar na minha mente, e me perguntar: Para eu viver esse momento materno que eu desejo, preciso do quê?

De maneira bem realista eu sabia que jamais conseguiria com a minha ultima obstetra que me disse na primeira consulta de pré-natal da gestação da Becca: Você já sabe que será cesárea não é? E completou: uma vez cesárea, sempre cesárea.
Não fazia eu ideia que isso ela uma inverdade!

Passei a conhecer e pesquisar os obstetras humanizados da cidade. Pesquisei cada um. Lia os relatos de parto em que eles atuavam e como eram comum os Vbacs.

Cheguei a constatação que meu plano só funcionaria com reembolso, pois esses médicos não podem se prender aos planos de saúde. Passei a calcular fianceiramente, como seria ter uma equipe dessa, passei a ler os procedimentos de segurança de um parto normal. Descobri, que eu não poderia ter anestesia, já que ela poderia mascarar os sintomas do meu útero, que por segurança contra o risco de rutura (devido as cicatrizes anteriores) precisaria ser muito bem monitorado. E minha opção era exclusivamente um parto natural, ou seja, sem nenhum tipo de intervenção. Apenas meu corpo agindo fisiológicamente.

Não por acaso, o kiko teve um upgrade no plano de saúde na Empresa em que trabalha e descobri que o valor dado de reembolso pagariam as consultas particulares! Os exames teriam cobertura do plano. Viva!!!! 

E mais feliz ainda fiquei quando veio a gravidez! Descoberta em maio de 2014... Que alegria, veio tão rápido! Muita felicidade, ainda mais num momento tão dificil em que vivíamos com uma tragédia familiar.
Porém, descobrimos no primeiro ultrassom, que o coraçãozinho do bebê às 9 semanas, tinha parado de bater... Estávamos com as crianças na sala de ultrasssom, mas por inspiração divina, no deslocamento ao laboratório, dentro do carro eu disse à eles: "Estamos indo ver como está o bebê, mas quero contar à voces que ele ainda se parece com uma sementinha e é tão frágil que às vezes não resiste. É muito comum o coraçãozinho parar de bater" 
Eu não cogitava nem de longe essa possibilidade, mas isso saiu da minha boca sem eu me dar conta. E eles silenciosamente absorveram essa informação... E assim que a médica que fazia o ultrassom falou que não haviam batimentos cardíacos no feto, o Vico disse: Mãe, acho que aconteceu bem aquilo que você explicou no carro, a sementinha não resistiu... 

Lembro que o kiko saiu na frente com os três para um lanche no Atrio do Hospital para que eu fosse encontra-los depois, para poder antes chorar... Choro pelo meu bebê que eu já tanto amava e não veio... 
Mas ao mesmo tempo em que chorava, o Espírito Santo me dava paz e me dizia: Agora não... Mas logo mais... 
Optei por não fazer de uma curetagem, decidi elimina-lo naturalmente... E após 1 mês, me surpreendi com a intensidade das dores que comecei a sentir no processo de eliminação de todo conteúdo uterino. Começava ali meu primeiro contato com as contrações naturais e meu corpo trabalhando fisiologicamete para esse "mini trabalho de parto" se assim posso chamar.
E nossa... doeu muito! Não fazia ideia que doesse tanto, fiquei horas com dores e meu colo não abria. Por fim, nos demos conta que isso não iria acontecer naturalmente (agora eu já sei o motivo patológico, mas no momento era impossivel saber) Kiko e eu decidimos já no hospital fazer um processo de aspiração, muito mais suave que uma curetagem, o médico iria aspirar com uma espécie de seringa todo o conteúdo. Eu teria sedação e isso não acarretaria nenhum sintoma ou perigo, inclusive poderia engravidar no mês seguinte se eu quissesse. (muito embora não fosse esse o caso, rs)
Na manhã seguinte acordei tão bem, tão leve, um alivio tremento. Estava nova em folha!
Mas um sentimento de realidade do que é um parto natural me surgiu, eu SABIA na prática que não era moleza. Deixei de romantizar, vi que eu precisaria me preparar muito bem para passar pelas dores sem tencionar, sem lutar contra. Por um tempo eu realmente desisti, e não mais pensei nisso tudo.

Até um ano depois! haha. Em 28 de junho de 2015 eu descubro que estou grávida de novo!!!

Mais uma grande emoção. Sempre!!! Como na primeira vez...

Quando me descobri grávida novamente, após ter perdido um bebê, a sensação de felicidade foi mesmo grande!! Esse quarto bebê era muito desejado!

"Sou um filho de Deus,
Por Ele estou aqui.
Mandou-me à Terra, deu-me um lar
E pais tão bons pra mim..."

Não aguentei segurar e logo sai contando para todo mundo! Precisava dividir minha alegria! O kiko ficou como eu, feliz que não se continha. Nem parecia o quarto! As pessoas estranhavam tamanha felicidade, vinham com um ar de "Esse quarto escapou?" As caras de estranhamento quando falávamos que era planejado eram as mais diversas, mas no fundo sempre eu via um pouco de admiração, sejam por quais forem as razões. Eu lia no olhar...

Sem nem pensar muito liguei para a médica humanizada que eu rondava e pesquisava e já sabia tudo sobre por pelo menos 3 anos! rsrs E marquei minha primeira consulta! Era real... Meu pré-natal com uma medica humanizada estava começando...
A primeira consulta foi diferente do que eu imaginava. Ela foi bem "médica" rs. Não falou nada subjetivo, de preparar meu emocional, coisas assim que lá no fundo eu achei que fosse acontecer... Ela falou dos riscos, das possibilidade, das limitações. Eu fui a conhecendo aos poucos, e minha confiança nela foi crescendo da mesma maneira. Eu sabia que estava nas mãos de uma médica que faria de tudo para que eu tivesse um parto natural, e que ao mesmo tempo tinha muita experiência para prever riscos... Hoje eu sei que ela era a médica certa para mim.

E o pré-natal foi se desenrolando muito bem, com todos os exames de sempre. Bem exigente com a qualidade da alimentação, no controle dos açúcares e carboidratos (eu fiz o corte total) pelo controle do peso do bebê, devido ao meu histórico de bebês grandes. A Rafa já tinha um percentil bem alto. E com o inicio da dieta ele foi se normalizando. Eu fui me sentindo muito disposta, saudável e engordando pouco, fora que a alimentação foi muito mais nutritiva, esse adendo renderia uma nova postagem! rsrs


Cheguei às 13 semanas, e o medo de perder o bebê foi passando... A barriga crescendo e a vida seguindo normalmente... Dando aulas de música como usual e recebendo mimos de todos os lados na Escola, dos colegas professores e principalmente dos meus alunos, que beijavam e acariciavam minha barriga todos os dias. Essa bebezinha já era muito amada e desejada não só pela nossa família mas para todas as crianças de uma escola inteira!!!

(Post em construção, ainda não acabei)

Um comentário:

  1. Roberta. passei por acaso aqui e me emocionei. estou ansiosa por ler o resto.

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